Do berço que o viu nascer
Conta a história sem saber
Sobre algum lugar incerto
Quando em Coimbra foi estudar
Sobre as letras debruçar
P’ra se tornar intelecto.
Aquele que viria a ser
Dos maiores ao enaltecer
Um exemplo de poesia.
Caravela dos seus sonhos
Em Ceuta horrores medonhos
Sua sina, ele cumpriria.
Nobre soldado em combate
Não há nada que o empate
De um seu livro escrever.
Mesmo em Ceuta aniquilado
Sem visão; Não derrotado,
Sua canção deixou viver.
Na travessia o naufrágio
Grande perda, que presságio!
Heresia do destino.
Alma Gentil que partiu,
Do amor que nunca mais viu
Do poema que era Divino.
Salva a Obra e vem a nado
Seu tesouro, bem guardado
Deixou o Mundo rendido.
Deu ao nosso Portugal
Prémio Honoris Mundial
De um valor reconhecido.
Mão na espada, outra na pena
Tudo o que via era cena
Para o papel recriada.
Tanto amor que descrevia
Tanto instinto ali nascia
Nada, nada lhe escapava.
Eram líricos seus versos
Tão perfeitos e dispersos
Que os vendia por tostões.
Uma forma de sustento
Pois vivia num tormento
Farto de desilusões.
Na boémia ele vivia
Na sua pena a poesia
Na batalha foi valente.
“Os Lusíadas” escreveu
Nem a guerra o demoveu
De cantar canção dolente.
Ele que foi Homem brilhante
Ao guardar como um diamante
Sua poesia carnal.
Que viria a ser por diante
Um grande nome flamante
Próprio nome: Portugal!
Cecília Rodrigues